segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Casa da mãe

Enquanto estive no quarto que tinha telefone direto, recebi muitas e muitas ligações, dos amigos, dos parentes, do pessoal que estava preocupado comigo. Fico chateada de causar tanta preocupação, mas ao mesmo tempo, fico feliz com tanta gente preocupada e interessada em minha saúde.
Saí do Hospital com o diagnóstico entre uma angina muito forte ou um princípio de enfarte, qualquer uma das duas opções, não é nada animadora.
Segurei tudo bem, fui conversando durante o caminho, estava me sentindo muito bem, sem dor nenhuma e agora era voltar a vida normal. Foi tudo muito bem, até que cheguei em casa e vi minha mãe. Nessa hora a força foi embora e me senti aquela criança desamparada e caí no colo dela chorando, e minha mãe com toda sabedoria de todas as mães, também chorando, disse que agora estava tudo bem, tinha passado, como fazia quando eu era pequena, caia e ralava o joelho. Meu irmão foi me buscar lá pelo meio da tarde e me trouxe para SP, para a casa dele, onde estava meu carro. No final da tarde, vim finalmente para minha casa.
Não sei dizer exatamente o que estava sentindo. Fisicamente, estava tudo bem, mas uma sensação estranha de ansiedade, medo, sei lá, insegurança, qualquer dorzinha agora vai ser sempre mais do que uma dorzinha.
No dia seguinte recebi uma ligação do trabalho, queriam saber se realmente eu me sentia bem para voltar a trabalhar. Claro que eu estava bem, afinal foram só dois dias de UTI, nada de grave.
E trabalhando eu não ia ficar em casa pensando na vida, o que poderia ser pior naquele momento.
É impressionante como a gente tem o dom de querer se enganar, a negação vem com toda força, mas ao mesmo tempo, algum grilo falante sussurava no meu ouvido, que não era bem assim.
Primeira sessão de terapia depois do ocorrido e começa o choque de realidade e da necessidade de correr contra o tempo.
Assim 15 dias depois de ficar de molho no hospital, fui para o médico.

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